MYANMAR (SEM PHUKET) - 19 NOITESHIG056

DIA A DIA

 

1º dia: PHUKET / RANONG / KAWTHAUNG / ARQUIPÉLAGO DE MERGUI (MYANMAR)

Panhã, partida para a Ranong (4 hr), cidade fronteiriça entre a Tailândia e o extremo sul de Myanmar. Após os trâmites fronteirissos e a curta travessia de um braço de mar entre Ranong e Kawthong (Myanmar), tomamos nossa lancha com destino a Mcleod Island (2 hr), no Arquipélago de Mergui. Devemos chegar à ilha em meados da tarde. Sobre Mcleod Island e o Myanmar Andaman Resort: a imprecisão sobre o "timming" na fronteira é justificável: turistas ocidentais nessa fronteira é algo novo e não há relatos de rapidez ou lentidão. Idéia nova, produto novo, o Arquipélago de Mergui já viu turistas ocidentais antes, em sua maioria mergulhadores em barcos tailandeses. Se você não está imbuido de paciência e capacidade de adequação ao que Myanmar colocar em sua frente, Mergui não é para você, ainda. Note também que Mcleod Island está a 40 milhas náuticas (quase 70 km) do continente. Isso é duas vezes a distância

entre Parati e a Ilha Grande. A travessia de lancha rápida leva 2 horas e não é, necessariamente, confortável, ou livre de vento e respingos. Se mar e barcos são o terror da sua vida, pondere não ir para Mergui, onde tudo - absolutamente tudo - está relacionado a isso (é um arquipélago, lembra?). Mcleod Island tem o único hotel - melhor chamar de pousada - do arquipélago, à exceção de um hotel-cassino de frequência questionável numa ilha quase na fronteira. O hotel em Mcleod é simples e espartano, em uníssono com todo o ambiente circundante. Tem chalés de madeira, gerador e ar-condicionado, um deck com bar e restaurante, um pier flutuante para desembarque, e 3 estrelas contestáveis no portfolio. Mas não tem concorrentes, o que pode significar serviço falho e manutenção falha. Se você é sensível a estas deficiências a ponto de não conseguir se divertir não obstante o fascínio pelo lugar, Mcleod Island, e por conseguinte, o Arquipélago de Mergui não é para você nos próximos 5 ou 10 anos. Para isso temos uma proposta de adesão a este programa diretamente em Yangoon. Em dúvida? Temos fotos dos barcos, do hotel e aguardamos sua ligação a respeito.

 

2º dia: ARQUIPÉLAGO DE MERGUI

As formações geológicas - são 800 ilhas! - o verde luxuriante da vegetação e o mar que hipnotiza merguladores dos mais viajados fazem de Mergui - proibido por 50 anos e liberado aos poucos a partir de 1996 - uma paraíso acima e abaixo da linha dágua. Você está na vanguarda do turismo náutico asiático. Dentro de alguns anos, Myanmar vai abrir as portas do arquipélago para grandes cadeias hoteleiras, e Mergui, tão perto da Tailândia, deve virar grande vedete, como Pipi e Halong Bay virarm. Mas isso é coisa futura e Mergui está muito longe disso, ainda. Nossa manhã é livre (reveillon na noite anterior, lembra?). À tarde, embarcados, partida para uma expedição de mergulho livre (snorkelling). Mesmo que você não seja adepto de água salgada e não pretenda começar hoje, o passeio vale.

 

3º dia: ARQUIPÉLAGO DE MERGUI

Dia atribulado, hoje. Partimos pela manhã, sempre embarcados, para a vila de Salone, onde um grupo étnico atende pela denominação um tanto estranha de "ciganos do mar", habitando em flotilhas e levando uma vída nômade e flutuante. Em seguida exploramos o verde a pé na ilha de Nyaung Wee, almoçamos nossa refeição de campanha e partimos, novamente embarcados, para a ilha de Bo Cho. Num relatório datado de 1930 (é o mais atual) feito pelos ingleses, Mergui tinha em suas ilhas tigres, leopardos, elefantes, pitons, crocodilos e todo o resto. Não se sabe hoje ao certo o que restou de toda essa fauna, mas você não deve nutrir ilusões quanto a grandes mamíferos, felinos muito menos (deveríamos ter ido em 1930). Em algum momento do dia teremos nova etapa de snorkelling. Resta-nos ainda a vila de Makyone Galet, antes de voltarmos à nossa ilha.

 

4º dia: ARQUIPÉLAGO DE MERGUI / KAWTHONG / YANGOON

Partida pela manhã, de lancha, para Kawthong (2 hr). Do cais você é levado ao aeroporto e embarca para Yangoon, a capital. Computando barco, cais, um aeroporto em cada ponta, malas na esteira, trânsito em Yangoon e check in no hotel, você estará livre na hora do jantar. Muito bem: pege sua câmera, chame um taxi e vá para o Shwe Dagon Pagoda. Vá sem guia (para isso tem “amanhã”), sem planos (sabendo que o complexo fecha às 10 da noite e que sempre tem táxi para a volta) e sem expectativas. Mas vá. E leve um cartão do seu hotel para seu diálogo com o taxista na volta.

 

5º dia: YANGOON

A 1ª palavra a se aprender em Myanmar é stupa, termo pan-asiático que define o clássico templo budista em forma de torre cônica ou de suspiro afilado, como os pingos de lama que decoram um castelo de areia. Stupas são construídas para encerrar uma relíquia budista – cabelos, dentes e unhas do Buda são o topo de linha. A construção é sólida e não há um interior para se entrar; exceto na Bothatung Pagoda, em Yangoon – é justamente o início do nosso tour (cuja ordem de visitas é um mistério). Bothatung tem uma entrada e um corredor que leva a uma câmara central, onde reina um fio de cabelo do Buda. Aproveite, pois não conhecemos outra stupa em que se possa entrar e ver a relíquia ali contida há 2000 anos. O dia segue com o Scott Market, o clássico mercado de quinquilharias do qual você nunca cansa e que sempre trás algo de inusitado. Temos ainda o National Museum, o Kandawgyi Lake com sua balsa real e uma investida a pé pelas ruelas da cidade velha. Tudo isso toma o dia inteiro, e ainda tem o Shwe Dagon Pagoda no final. Nós, da Highland, temos o Shwe Dagon na mais alta conta (70 milhões de birmaneses também). O nível de fascínio causado pelo Shwe Dagon é igual ao do Acropolis, do Taj, Angkor Wat, Luxor ou da Grande Muralha. Só que o Shwe Dagon não é ruína; ele está vivo, em plena forma e centralizando a vida religiosa do país todo. Reis diversos cobriram-no com placas de ouro. São 100 metros de altura...de ouro. Sessenta toneladas de ouro, sem contar com as dezenas de stupas circundantes, galerias e escadarias e quem sabe mais o quê. À luz do dia tudo é ouro de encontro ao céu azul. À noite, holofotes amarelos iluminam todo esse ouro de encontro ao céu negro. A cidade comparece, tráz flores, faz oferendas, reza e namora. Você não pode perder sequer um minuto disso.

 

6º dia: YANGOON / SITWEE / MRAUK U

Manhã livre, em tese. Isso porquê pode sobrar alguma das atividades da tarde anterior para esta manhã (o museu, por exemplo). Ao final da manhã, traslado ao aeroporto e embarque para Sittwe, no litoral oeste de Myanmar. Recepção no aeroporto, traslado imediato ao cais e embarque para Mrauk U. Sittwe merece aqui uma nota: não há nada para se ver ou fazer. No entanto, há um aspecto interessante: ela não mais parece a Myanmar de Yangoon e sim uma imersão em Bangladesh. A pele escura com traços indianos de boa parte da população, a comida cuspindo fogo e um enxame de lambretas contrastam com os ares orientais da outra banda, fazendo de Sittwe a expressão viva de um slogan birmanês sobre seu próprio país: “é onde a China encontra a Índia”. E assim é. Você não terá, hoje, tempo para a cidade, mas quem sabe na volta. O barco é bom. Acomoda todo um grupo, boa sombra, bons assentos, banheiro, e é confortável para a viagem de 4 a 6 horas rio acima, dependendo da maré. A princípio largo e confuso, o estuário do rio Kaladan aos poucos converge para o rio propriamente dito e as margens ficam ao alcance da mão. Gente das aldeias das margens, pescadores em ação e passageiros de outros barcos tornam-se alvos fáceis para sua câmera. A cada hora que passa, Bangladesh devolve espaço a Myanmar. O sol se põe, e pinta de dourado as já bem douradas stupas nos topos das colinas do caminho. Anoitece a bordo, portanto tenha sua lanterna e seu livro a postos. No escuro, a chegada em Mrauk U é discreta, sem emoções, e você é levado diretamente ao hotel.

 

 

7º dia: MRAUK U

Capital do antigo império Rakhaing do século 15 ao século 18, Mrauk U era uma das potências asiáticas de então (não se recrimine por nunca ter ouvido falar disso antes). A pujança de seus templos medida em quantidade de budas – 80 mil apenas num deles, dizem - ou medida em quantidades de stupas (não faltam, pode crer) é testemunha de um passado glorioso. Das casas da cidade de então – madeira e bambu - nada resta. Mas resta tudo o que é de pedra, e isso é muito. A mini-Bagan, como Mrauk U é chamada, está no meio do mato, no meio do campo, no meio de tudo, menos no meio do circuito turístico. Seus templos, diferentes dos do resto do país, têm corredores e

mais corredores, galerias e mais galerias. Parecem abandonados por fora e venerados por dentro. Nosso dia começa em duas rodas, na rua do comércio da vila. Se você não anda de bicicleta, teremos um veículo para você. Se você desistir da bicicleta no caminho, teremos um veículo para ambos: você e a sua bike. Então, de bicicleta, você cruza a vila de Mrauk U, interage com os locais surpresos com o óvni que você representa e envereda pelo campo. O destino é o templo Kothaung Paya, e devemos levar de 1 a 1,5 horas para chegar lá, num ritmo de pedalada irritantemente lento. Depois do templo, ainda de bike, voltamos à vila para almoçar. Nossa tarde – já livres

das bicicletas - tem templos importantes: O Shitaung Pagoda (o dos 80 mil budas), cercado de inúmeras stupas menores, o Andau Pagoda e o Dukkanthein. Escolheremos um ponto estratégico para o por do sol, antes de voltarmos ao hotel.

 

8º dia:  Pela manhã, traslado (1 hr) a um ponto de embarque no rio Lemro e embarque para 2,5 a 3 horas de barco até as aldeias shin. Desta vez os barcos são bem menores e mais acanhados, mas ainda têm sombra e assentos. A viagem ao longo do rio apresenta um dinamismo na água e nas margens típico de regiões onde a estrada única é aquela: o rio. Paradas eventuais são função do que acontece nas margens. As vilas shin, por sua vez, são o protótipo da aldeia de pau e corda, e Myanmar está repleta delas. Mas é nestas aldeias, ao longo do Lemro, que estão as últimas mulheres de rosto tatuado. Este é um costume antiquíssimo, em extinção, que vai morrer junto com a última destas mulheres. Só fotos podem descrever a extensão das tatuagens. Nossa expedição visitará 2 ou 3 aldeias, antes de empreender todo o caminho de volta. Já em Mrauk U, um resto de tarde livre pode ser muito bem aproveitado no centro da vila, onde se vende de um tudo, se compra de tudo, e se transporta de uma única forma: de barco.

 

9º dia: MRAUK U / SITTWE / YANGOON

Muito cedo pela manhã, antes da 1ª luz do dia, você embarca para o trajeto fluvial de volta para Sittwe (de 4 a 6 horas, dependendo da maré). Tenha sua lanterna em mãos. Café da manhã a bordo. A viagem é curiosamente diferente daquela de dois dias atrás. Pescadores começam cedo, e toda uma infinidade de canoinhas com luzes de navegação chinesas piscando candidatam-se a serem atropeladas pelo nosso barco, bem maior. O sol nasce e mais coisa aparece: pescadores arando a lama, aldeias inteiras espremidas dentro de uma única canoa, e búfalos d´água fazendo sua especialidade maior: nada. Uma vez em Sittwe, se a maré e a ausência de contratempos no rio permitir, vamos usar nosso tempo de reserva para ir à China e à Índia numa tacada só, ou seja, dar uma volta na cidade, antes de tomarmos o vôo para Yangoon. De volta à capital, traslado ao hotel e resto de tarde livre (algo nos diz que o Scott Market será o apelo da vez).

 

10º dia: YANGOON / KYAING TONG (ou KENTUNG)

Pela manhã, traslado ao aeroporto e embarque para Kyaing Tong. Recepção no aeroproto e traslado ao hotel. Você está no centro da antiga nação shan, hoje fragmentada entre Tailândia, China, Myanmar e Laos. A descrição romantizada do vale idílico procede: as montanhas cheias de mistérios, as várzeas cheias de aldeias cultivando o solo fértil, a cidade próspera no centro do vale e o lago em forma de ameba no centro da cidade, a uma altitude confortável de 850 m. O quinhão shan de Myanmar leva a fama de insurgente contra a ditadura militar, mas isso não é uma exclusividade shan; boa parte disso é verdade, a insurgência - e ninguém sabe o quão dormente – ainda existe, e diversos bolsões de suposta resistência na selva são vetados a estrangeiros. Nosso vale e montanhas circundantes está liberado. Podemos ir a qualquer parte e sabemos exatamente aonde ir. Mas por ora, nesta tarde, vamos visitar o lago, um enorme buda no topo de uma colina e, pasmem, uma sequoia gigante que compete com o buda. Hotel e alimentação em Kyaing Tong - nas linhas sobre os dias seguintes você notará quão avançada é a idéia de explorar esta área. Você, sem dúvidas, está tomando uma atitude pioneira. Mas isso tem um custo óbvio: os hotéis são péssimos, e os restaurantes seguem a mesma linha. Zero estrelas para os hotéis está de bom tamanho (você já ficou em coisas piores, conosco inclusive). Lembra daquele discurso da boca para fora no qual “uma cama limpa e um bom banho me bastam”? Desta vez será apenas isso. Os restaurantes são bem limitados, os cardápios só têm pratos chineses, mas a comida é boa e a higiene é razoável (melhor não procurar muito). Há na cidade 3 restaurantes onde todos os seres ocidentais comem, e teremos chances de sobra para provar todos os pratos de todos eles. É o preço do "querer ir primeiro".

 

11º dia: KYAING TONG

Hoje é dia de tribo. Mostramos ao exército nossas credenciais de não insurgentes na saída da cidade - faz parte, ainda - e rumamos para o norte por meia hora, antes de sairmos do asfalto e começar a subir, ainda motorizados, antes de começarmos a andar. E andar muito. Se essa não for exatamente a sua praia - relax - temos duas tribos para você. A 1ª delas é uma aldeia Akha, a 5 minutos do carro. A 2ª, Nam Lin Mai, a meia hora de caminhada (de ida) em terreno razoavelmente plano, é de etnias Ann e Wa. Agora para quem vai andar muito, o destino, além das duas aldeias já descritas, é Pang Lur, uma aldeia da etnia Ann. Ela nem é tão longe assim, mas está a 100 metros verticais acima da elevação onde o carro pára. Os Ann vestem-se tradicionalmente, as mulheres pintam os dentes de preto, os costumes relativos à fertilidade - seja da terra ou dos úteros humanos - são, no mínimo, muito excêntricos, é tudo de pau e corda e é tudo muito interessante. E fotogênico. Vamos subir os 100 metros verticais para Pang Lur como tartarugas, vamos descer sobre as demais aldeias, e ainda vamos almoçar de volta em Kyaing Tong (num daqueles 3 restaurantes). À tarde, temos Wan Pauk, uma aldeia da etnia Palaung. A menos de uma hora da cidade e ainda no vale, esta é uma aldeia próspera, algo como meio caminho entre o império shan e o país Myanmar. Wan Pauk tem eletricidade, duas ou três casas de alvenaria dentre as demais de madeira, planta arroz em quantidade maior do que consome, e ainda ostenta trajes tradicionais. Este é o caso típico de tribo da montanha que desceu para o vale quando plantar papoula virou crime. Se o retorno ao hotel encontrar você em pleno vigor, vá ao Wat Ho Kung (cheio de mini-monges), sente num cantinho do chão e fique em paz, meditando sobre o jantar num daqueles 3 restaurantes.Visitando uma tribo - obviamente não temos um script - circulamos pela aldeia olhando os afazeres do dia, espantamos os cachorros, visitamos em geral a casa do chefe ou do xaman, tomamos chá em xícaras razoavelmente limpas (não procure detalhes), perguntamos e ouvimos estórias através do guia, metralhamos tudo com mil fotos, compramos um artesanato qualquer e vamos adiante. Não damos dinheiro, e sim compramos uma quinquilharia qualquer por 1 dólar (ou meio). É o melhor que podemos fazer de próprio punho, além de procurar organizações filantrópicas e doar diretamente a elas.

 

12º dia: KYAING TONG

Hoje é mais um dia de tribo e credenciais perante o exército. Desta vez rumamos por quase 1 hora para leste (mais 2 horas de estrada e estaríamos na fronteira com Tailândia), largamos nossos veículos confortáveis no asfalto pulamos dentro das caçambas de camionetes 4x4 abertas. Subimos por uns 20 minutos e chagamos às aldeias Hokyin, da etnia Akha. São 4 aldeias e 4 cumes, e atacaremos todas elas, parte a pé, parte de caçamba. Dentre os grupos étnicos da região, as mulheres Akha são as mais fáceis de serem prontamente identificadas, devido ao pesadíssimo ornamento de bolas de prata na cabeça. As aldeias de Hokyin estão em diferentes estágios de "globalização tribal" entre si, com aldeias mais inseridas no contexto nacional e outras menos. Como resultado do trabalho de missionários cristãos, uma ou outra vila ostenta uma cruz na entrada ao invés do pórtico animista cheio de amuletos e inspirador das superstições mais obscuras. Muitas famílias embarcaram na onda das novas (para eles) religiões adotando o budismo. Tudo depende de qual o pregador que chega primeiro, ou do que traz a melhor oferta. No entanto, através do guia, percebe-se facilmente que isso é para inglês ver, e que na verdade o animismo é que dá o tom. Mas esse é um filme que nós já vimos antes; começa assim. As quatro aldeias são interessantíssimas, o lugar é lindo, tudo isso toma toda a nossa manhã, e você pode descer a pé (1 hora) até o asfalto, 300 metros verticais abaixo, onde almoçaremos tardiamente num restaurante local (não nutra ilusões a respeito), antes de empreender a volta a Kyaing Tong. O fim de tarde nos reserva um centro de artesanato local. 

 

13º dia: KYAING TONG / INLE LAKE

Pela manhã saímos do hotel com mala e cuia. Temos o monastério budista de Dhat Zoham Doi, a leste da cidade (40 min). Bem ao contrário dos monastérios urbanos de Kyaing Tong, um monastério de montanha tem paz condizente, vista e astral condizente. A presença de dois monastérios de porte considerável (temos ambos no programa) numa área tão restrita tem forte influência sobre as aldeias circundantes. Aldeias, portanto, budistas - animistas. Selecionamos uma: Wan Sai, da etnia Akhe (não é Akha, das bolas de prata). A aldeia é grande, a caminhada é curta, e os cachimbos, fotogênicos. De volta a Kyaing Tong, almoçamos (sabe aonde?), vamos para o aeroporto e embarcamos para Heho. Recepção no aeroporto e traslado (1 hr) à cidade de Nyaung Shwe, às margens do lago Inle. De lá, a bordo de uma canoa infernalmente motorizada, você navega até seu hotel, também ele nas margens do lago.

 

14º dia: INLE LAKE

A cerca de 900m acima do nível do mar, o lago Inle está no fundo de uma cratera de vulcão extinto. Tanto a orla da cratera, leia-se, as montanha ao redor do lago, bem como o lago em si, estão permeados de aldeias. Nosso foco é o lago. Mini-cidades inteiras, com ruas, regras de conduta de trânsito de barcos, lojas, fabriquetas e templos, são concebidas sobre palafitas. Toda casa tem um cais, um barco e uma horta flutuante. Algumas fazendas flutuantes são enormes e, pasme, algumas são rebocadas de lá para cá. Observar a vida peculiar de toda essa gente eternamente flutuante é uma viagem em si. Mas nas margens tem terra firme. Nos sopés das montanhas, acontece o encontro dos povos - os que vêm de barco, os que descem o morro e os que vêm dos hotéis; a feira é total. Todo dia num lugar diferente. Logo pela manhã, vamos à feira, de barco. A etnia tribal principal da região é Pak O. Devemosencontrá-los na feira. Depois disso temos  uma infinidade de micro-visitas, que vão desde tecelagem em fibra de flor de lótus até o templo principal do lago - o Phaung Daw U Pagoda é particularmente venerado e o monastério de Nga Phe Kyaung é dos mais antigos - tudo isso a bordo das nossas canoas infernais. Devemos estar de volta ao hotel no final do dia.

 

15º dia: INLE LAKE / MANDALAY

Cedo, mas sem comprometer o café da manhã, você abandona o hotel, de bicicleta. Você não pedala? Temos um carro para você. Vai tentar em duas rodas mas pode desistir no meio? Temos um carro para você. Muito bem. Saímos do hotel em duas rodas e de imediato descobrimos que entre lago e montanha tem uma estrada; a nossa. Rumamos para norte por uma estradinha mal asfaltada ao longo do que se pode plantar naquela nesga de terra plana e firme. Nosso ritmo é vergonhosamente lento. Nossa 1ª parada é numa vinícola. Isso mesmo: tem uma, a Red Mountain Estate. Devemos levar uns 40 minutos para chegar lá, incluindo uma leve subida que pode ser feita a pé, empurrando sua bike. As instalações, italianas, são novíssimas e impecáveis, a vista é excelente e o vinho é péssimo. Tão ruim, que resolvemos não incluir a degustação. De volta em duas rodas e descendo de volta à nossa estradinha como torpedos, pedalamos por outra hora até a cidade de Nyaung Shwe, onde encontramos nossas malas, nossos carros e rumamos todos para o aeroporto de Heho (1 hr). Depois do vôo, já em Mandalay, recepção no aeroproto e traslado ao hotel. Em havendo tempo, vamos subir no Mandalay Hill. O templo budista que toma todo o cume do monte é hilário, a começar por um "elevador lacerda" igual ao de Salvador. A vista do templo é elucidativa: mostra que Mandalay é absolutamente sem graça, de longe. Essa visão vai mudar diametralmente na manhã seguinte.

 

16º dia: 

MANDALAY

A antiga capital de Myanmar é hoje a 2ª maior cidade do país e compete com Yangoon em importância econômica em pé de igualdade. Às margens da eterna espinha dorsal do país - o rio Ayeyarwady - Mandalay é feia de longe, feia de perto, mas tem uma coleção invejável de templos. São complexos templários enormes, com inúmeros recintos, pátios e corredores. São diferentes do que você já viu ainda verá no país: pátios, arcos e colunas em profusão dão a tudo um aspecto mourisco, realçado pelas longas galerias de acesso com lojinhas a todo vapor. Bom contraponto às stupas impenetráveis. Mas tudo isso fica para amanhã. Hoje é dia de Inwa (ou Ava), a antiga

capital. Cruzamos o Ayeyarwady num ferry, embarcamos numa charrete, entramos na cidade velha através da sua muralha e visitamos os monastérios de Ok Kyaung e Bagaya Kyaung, antes de subir para a torre de vigia e ver tudo do alto, rio e Mandalay inclusive. O dia nos reserva muito mais: à tarde temos o Sagaing Hill, com suas encostas salpicadas de pagodas e mosteiros, antes de irmos para Amarapura, também ela uma capital em tempos idos. Vamos percorrer lá os 1000 metros de comprimento da ponte U Bein, feita inteiramente de teca, e naturalmente a maior ponte de teca do mundo. Se o cronograma sair perfeito, estaremos lá para o por do sol.

 

 

17º dia: MANDALAY / BAGAN

São 3, os templos principais de Mandalay, e teremos todos eles no currículo. O Mahamui Pagoda tem em seu santum sanctorum um buda coberto de folhinhas de ouro, coladas pelos devotos. Em algum momento visitaremos uma fábrica destas folhinhas, usadas em todo o país mas fabricadas apenas em Mandalay, dizem os guias. O Kuthodaw Pagoda tem o maior livro do mundo. É uma interpretação deveras oblíqua, mas interessante. Seu guia explicará. Já o Shwe Nan Daw Kyaung é inteiramente construído e rebuscadamente entalhado em teca, madeira nobilíssima e um dos principais produtos de exportação "made in Myanmar". Nosso dia conta ainda com o Nyaukdawgyi, e seu buda gigante entalhado a partir de um único bloco de mármore. Por fim, vem o aeroporto e o vôo para Bagan, com recepção no aeroporto e traslado ao hotel.

 

 

18º dia: BAGAN

A Ásia tem 3 grandes complexos templários de dimensões gigantescamente únicas: Borobudur em Java, Angkor no Cambodia, e Bagan, no seu programa. Às margens do rio Ayeyarwady (sim, o mesmo), com mil anos de idade e mil outros encantos - são 4 mil templos - Bagan reinou absoluta por quase 300 anos, até a iminência da chegada de um "velho conhecido" de todo bom viajante dos dias de hoje: Kublai Khan.

Geograficamente, Bagan é absolutamente sem graça: uma planície semi-árida cuja única vantagem, bem ao contrário de Mrauk U, é o campo visual irrestrito. Grande vantagem, aliás. Os templos são visíveis de longe às dezenas, e o sol poente é um grande evento. Não vamos deixá-lo escapar, quando for a hora. Dentre 4 mil templos, tivemos que escolher apenas um punhado para explorar, deixando a ordem das visitas para a criatividade do guia local, que tem por tarefa magna manobrar nossa fuga do fluxo de turistas - ao que parece, todo mundo faz a mesma escolha. A grande vedete é o Ananda Pahto. Fantástico por fora - não deixe de vagar pelos pátios externos procurando o melhor brilho da torre dourada - o Ananda é simples e surreal por dentro, convergindo para 4 budas centrais com 10 metros de teca e ouro. A expressão facial dos budas muda quando você se aproxima! O Ananda é venerado dia e noite, fecha tarde e dá para ir a pé do hotel; sabemos que você vai voltar a ele mais tarde, se é que não já o fez na noite anterior. Temos também nos planos os templos Gubyaukgyi e Hilomilio, uma loja de souvenirs, outro por do sol, o Shwezigon Stupa e uma almoço em algum momento. É um dia atribulado, sem contar com a eventualidade de um vôo de balão (opcional) sobre tudo isso antes do café da manhã.

 

 

19º dia: BAGAN / YANGOON

Manhã livre. À tarde, traslado ao aeroporto e embarque para Yangoon. Temos tempo, e certamente alguns itens a serem visitados na cidade tiveram que ficar para o final. É este o momento. Ao final da tarde, chegada ao hotel. Se você tem um vôo internacional que o force a ir para Bangkok nesta mesma tarde, podemos reservar para você um vôo Bagan / Yangoon logo pela manhã.

 

20º dia: YANGOON

Traslado ao aeroporto e embarque para seu próximo destino.

Yangoon - O Shwe Dagon Pagoda deveria estar entre as grandes maravilhas eleitas pelo mundo, e vai marcar sua viagem tanto quanto o Acropolis ou o Taj Mahal marcaram.

Mrauk U - as mulheres tatuadas das aldeias shin, a vida ribeirinha e a mini-Bagan no meio do mato são uma festa para sua câmera e sua bike.

Sittwe - é onde a China encontra a Índia e disso sai uma cidade!

Kyaing Tong - no centro da antiga nação shan, as tribos das montanhas vivem conforme seu código ancestral de conduta e indumentária. Nova festa fotográfica.

Inle Lake - tudo parece surreal neste universo em palafitas onde as tribos do lago encontram as tribos das montanhas.

Mandalay - templos fantásticos numa profusão de teca e ouro.

Bagan - um dos três maiores complexos templários da Ásia e que, ao contrário de Angkor, está em plena atividade.

Esta é uma rota inusitada. Programa novo em país velho. Exatamente como gostamos de fazer. Para quem já esteve lá: note que concentramos Inle Lake, Mandalay e Bagan no final do programa, pensando em você.